Devo ser das poucas pessoas que não estranharam a gravação da conversa da senhora professora (ou DOUTORA) de Espinho. Mas nem devia ser uma ilha nisto. Porque os indignados também andaram na escola.
Filha de gente quase rude e do campo (o quase é porque um dos progenitores mudou de estilo de vida), primeira pessoa a completar o designado "ensino superior" de ambos os lados da família, sempre tive um ou dois professores que se colocavam 1,70m acima de mim ou dos meus pais. Os modos de ostracizar e diminuir uma criança ou um adolescente são muitos e variados. E só quem se vê na pele plebeia é que sabe do que falo.
Até desenvolver mecanismos de sobrevivência (e passagens aéreas de 3,40m) tive alguns calvários a aturar certa gentinha canudada que pouco mais me ensinou do que "os seres humanos são substancialmente merdosos".
O corporativismo conivente dos colegas da professora de Espinho - sobretudo da Direcção, que sabiam de tudo - também não me fez arregalar os olhos. Farta desse compadrio execrável fiquei eu.
Hoje de manhã vi a reportagem e tive vontade de ligar à minha irmã (que anda no 9º ano) e convencê-la a voltar para casa. Só hoje.
Está-me na massa do sangue querer poupar quem me é precioso a certas decadências humanas.
O pior disto é que há muitos professores que cabem neste perfil. E são eles quem corrige os testes... Mas muito pior: são eles quem passa uma elevada porção de tempo com gente em formação.
Eu até queria avacalhar com isto. Juro! Mas mete-me tanto nojo que não consigo.