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Se há coisa que me tira do sério (na realidade esta foi uma metáfora muito mal escolhida, dado que quero descrever algo que me provoca misantropismo galopante e não que me faça gargalhar) são aquelas pessoas com locomoção e modos «boneco Michelin».
Não a correr, obviamente, mas a andar diante de mim, a um ritmo claramente mais lento do que aquele a que eu gostaria de circular. Os Michelin Walkers são, por atribuição natural, gente roliça que balança o corpo para os lados ao caminhar. Nas estações do tempo frio usam kispos que revelam a sua natureza Micheliniana, obrigando-os a semi-abrir os braços, numa dupla função de alívio das pressões da banha e uma vaga tentativa de alcance de equilíbrio não efectivamente almejada, estorvando solenemente quem quer que sofra o azar de seguir atrás de si (dos Michelin Walkers, obviamente, alguém que siga atrás de si mesmo é cena existencial e estúpida demais, até para este tasco...).
E porque me lembrei eu, neste nada quente dia dos primeiros de um novo ano?
Porque me calhou pela frente uma Michelin Walker num certo shopping cá do burgo, levando-me a reflectir sobre as minhas posições relativamente à aplicação da pena capital, como se um membro do governo chinês me tratasse...