terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Das Dissertações Inócuas II

São umas escassas 21h30 e já estou semi-k.o. de sono. Tipo um infante a contemplar o Canal Panda, só que com menos sacarina para abanar a retina, no embrutecimento muscular de uns late 20's pouco esforçados fisicamente e bastamente dados à ronha.

Se isto não é o mais baixo dos níveis a que se pode descer na vida, então não sei nada sobre níveis. Ou/e sobre a vida.

Sei que tenho sono. E não é que me deite e consiga dormir com qualidade. Afinal, sendo estas horas, vou ouvir o burburinho doméstico produzido pelos seres que comigo coabitam. E o meu miolo vai estar mais concentrado na estranheza das horas do que propriamente ficar em stand-by até amanhã de manhã.

Esta noite fiquei mesmo em stand-by. Não me lembro de nadinha que haja aturado no meu mundo onírico. Gosto disso. De adormecer como nos filmes sci-fi. Só que com roupa quentinha. Não é cá pijama de Verão e aquecimento à parva. Não é assim que se dorme bem. Por isso é que no Verão se dorme miseravelmente, nem que se esteja de férias.

Se estivesse de férias seria incapaz de ter sono às 21h30. Nem que tivesse acordado às 5h. Estaria tão stressada com a ideia de aproveitar bem as férias que o sono seria um bem escasso.

Ou talvez não.

Talvez dormisse muito por estar de férias. Quando se dorme muito num dia, fica-se com mais sono ainda. E é porreiro dormir tantas horas diárias como um gato obeso.

Se fosse um gato, queria ser um espécime tigrado, talvez em tons laranja-escuro. Nunca tive nenhum assim. Mas deve ser muito cool ter umas riscas-maravilha naquela tonalidade pilosa.

O meu gato é preto. Tem uma mancha branca no ventre. E o ventre dele é meio descaído. Efeito secundário de uma ablação de tin-tins. Acho que ele gosta da sua própria cor. Se ele pudesse, não pediria para ser tigrado. É bastante teimoso e narcísico. Ele gosta de MGMT e da «One Day Like This» dos Elbow. Pediu-me para ouvir o novo dos Vampire Weekend mas logo que chegou à «Cousins», além de lançar uma piada deprimente - «Mais uma música sobre números divisíveis somente por eles mesmos e a unidade?!» - sentenciou que «Parecem os Grizzly Bear no final de um concurso de doçaria conventual para hiperactivos.».

Não curto a voz do Daniel Rossen. Chateia-me à brava ter de o aturar a cantar. É por isso que o «Veckatimest» não integrou as minhas listas. Preferia que as pessoas à minha volta partilhassem o meu gosto do que ter que levar com a sua voz tão tipicamente indie que até enoja uma poça de vómito (a do senhor Rossen, não a voz das pessoas à minha volta, que essas calam-se para o ouvir).

São 22h. Já não me parece mal ir abancar-me na cama a ler BD até adormecer.

Posso parar de matar tempo com divagações estúpidas.