Lembram-se da Revista "Kapa"? Eu também não, que não é bem do meu tempo. Ou melhor, lembro. Mas é de uns preciosos volumes que me foram gentilmente comodatados por uma amiga que me valia a vida (pelo menos a cultural, vá...), ia o ano de '98 bem desenvolvido, o Guterrismo prosperava e a crise de hoje em dia não poderia ser prevista pelo mais sombrio dos profetas do Apocalipse.
[Epah, lembrei-me mesmo agora de uma piada tão fácil quanto ajarvadada de imbelicilidade: Sabem como se chama um pesadelo do Jacques-Yves Cousteau? Apocalypso.]
Agora que as expectativas de um post-não-marado-dos-cornos abandonaram a mente do leitor...
A saudosa Kapa foi homenageada pelo Carlos Quevedo, vai para uns tempos. Ou seja: afinfou uma espécie de Best Of num belo livrote que me deve ter custado, no mínimo 10€ - são dois contos, para quem ainda não se habituou ao dinheiro novo. Não há lá textos ruins. E os que há (note-se a elevada coerência da minha escrita), são tão maus que chegam a ser bons, como vagos detalhes dessa obra cinematográfica que dá pelo nome de "Napoleon Dynamite".
Ora, não será por mero acaso que as Traduções Selvagens figuram na contracapa (ou contakapa? - hoje deu-me para isto...). A imediatez alarve, a evidência chavascaleira e a argúcia lasciviosa fazem delas uma iguaria ímpar no cumprimento do propósito de rir à parva, de coisas que o mereçam e não para fazer bem à pele.
Uma das muitas traduções selvagens é justamente a de:
«HONORIS CAUSA - "Sabe-se lá porquê."
Ex."Mário Soares é doutorado em Coimbra honoris causa.»
Agora é a minha vez: José Mourinho é doutorado em Lisboa honoris causa.
E nunca a tag "imprimir para acendalhas" fez tanto sentido neste tasco.