segunda-feira, 16 de março de 2009

Da Improbabilidade


Do elixir aromático que na minha infância campesina, aconchegada pelas incondicionais ternuras da avó que enganava as saudades do avô que foi, é, e será - ainda e sempre - aquele de quem jamais poderia obter mais autêntico e pleno afecto, ternuras da sexagenária lenta e paulatinamente diluídas numa água para lá da ebulição, ritmada na cálida percussão adestrante da perfeita comunhão entre soluto e solvente...
Desse elixir, passando pelo chamamento da pecaminosidade degustativa da pré-adolescência, pelos primórdios da experimentação clandestina, habituação dos demais ao absurdo da precocidade, sedimentação de tudo isto num hábito... até à verificação de toda uma presença sobre a balança dos equilíbrios da alma, nunca me cruzou o pensamento a ideia de não beber café.

Mas hoje, depois de ter afinfado uns 5 abatanados e, por faltas de apetite parvas que me deixaram mais exposta aos malefícios do grão escuro, dei por mim a tremer como se me acabassem de ter condenado à visualização do mefistofélico* "TVI 24" até ao fim dos meus dias, mal disposta como só José Lello sabe estar com Manuel Alegre, mas, acima de tudo, revoltada com o meu "amado" elixir. Diz-se que do amor ao ódio vai muito pouca distância. Mas se os amores têm as suas virtuosidades balsâmicas, os ódios são trabalhosos e eu amo a preguiça <3

(Já chega de divagações, ou ainda querem mais?)

(Vai na volta e já chega...)

(Pois. Já chega.)

Há quem insinue que sou viciada em café. Mas é mentira. E se bebia café a mais, isso são contas de rosários que não os da vicissitude. Em boa verdade, são contas sagradas demais para constituírem parte integrante de objectos tão vulgares quanto rosários =)
Justamente por isto, o post. Que quando se acena uma despedida há mais gare e vazio do que os abismos todos do mundo para dissertar. Só que para quem tem blog onde possa ajavardar meia dúzia de absurdos, há a bela catarse e a pseudo-importância das ausências =p

*termo-fetiche da blogger com que muito lhe apraz caracterizar certos e determinados factos e/ou sujeitos.