Há um certo motorista de uma certa companhia rodoviária que gosta de velocidades em estradas mais sinuosas que o trajecto de uma linha dentro de um bolso, faz questão de sintonizar o auto-rádio na RFM, partilhando a sintonia com os passageiros, para tanto elevando o volume até onde for preciso e, qual pivot de informação, não se poupa a enumerar todos os possíveis e imaginários destinos e respectivos pontos de ligação que os passageiros poderão, hipoteticamente, seguir, usando para tanto o belo do micro do autocarro.
Nada disto se passa com qualquer outro motorista com quem haja viajado.
Hoje, quando regressei a casa numa dessas viagens, interpelou-me o senhor com uma questão sobre se eu teria frequentado uma certa escola secundária. A qual frequentei. Embora a minha memória não contenha arquivos sobre o indivíduo, a dele contém arquivos sobre mim.
Ou seja, perdi a legitimidade para o apelidar de sui generis e/ou sorrir com vago escárnio em face dos seus modos. É que se trata de alguém que me viu de calças nº 40, dentro das quais podia dobrar os joelhos sem que tal se notasse, cabelo curto e às cores... ostentando o eyeliner vermelho que fez de mim uma personalidade no sobredito estabelecimento de ensino.
Moral da história: se alguma vez fostes novos e estúpidos nas vossas existências ( e hajam testemunhas vivas que o afiançem), não zombeis de vivalma!