sábado, 26 de dezembro de 2009

Das Bitaitadas - Cinema


Depois de tanto se dizer sobre «Avatar» de James Cameron, também eu tive de enturmar com uma cambada de caixas d'óculos dentro de uma sala de cinema, para me expôr à última maravilha revolucionária do cinema: a tecnologia 3D.

Ah, afinal isso do 3D já tem uns anos. Acho que a primeira vez que ouvi falar de tal cena foi na minha mais-que-pretérita infância. Um filme qualquer com monstros. Ou lá o que era...

Adiante!

Um marine paralítico calha a ser o escolhido. Um special one acidental mas que se sabe ab initio ser o lugar comum mais ordinário (em qualquer dos sentidos) que se poderia orientar.
E ele é o eleito para integrar uma equipa de cientistas que se dedica à exploração de um planeta distante - Pandora - e tão abundante de riquezas naturais como de baixas causadas aos humanos invasores, povoado por nativos especialíssimos - os Na'vi, que são uma mistura atabalhoada de elfos, tribos africanas dos clichés de Hollywood e falta de imaginação pura e simples. Para se integrarem na comunidade nativa, almejando um consenso entre humanos e Na'vi e o estudo do interessante planeta, os humanos criam corpos com DNA conjugado de ambas as espécies, transferindo a sua actividade encefálica para tais envólucros existenciais sempre que o espécime humano é adormecido naquelas caixinhas de dormir que todos os filmes sci-fi tendem a ter. Os avatar.

E porque é que o marine paralítico integra aquela equipa de sacrossantos cientistas?! Porque o seu irmão gémeo - sim, chega-se a isto em termos de telenovelismo, e só nos primeiros minutos de filme! -, cientista de profissão, já tinha o seu avatar encomendado quando morre vítima de roubo (latrocínio, para quem seja brasileiro ou não tenha adquirido Códigos Penais no séc. XX).

E o «Avatar» custou muito, muito dinheiro./E o avatar custou muito, muito dinheiro. - Espero que se perceba a ironia desta alternatividade declarativa.

Ou seja, antes uma besta de guerra para usar dinheiro empatado do que somente dinheiro empatado. Tem a sua lógica.

Assim, Jake Sully (o marine, conhecido no imdb como Sam Worthington) segue com a dita equipa, mas, aparentemente a reportar ao vilão consciente, Coronel Miles Quaritc - cópia rasquíssima do mítico Tenente-Coronel (esta patente existirá?) Bill Kilgore, numa escala tão exacta como a dos talentos Stephen Lang/Robert Duvall - ou seja, ao invés de ajudar os bons, ele ajudaria os maus!

Porém, como bom lugar comum que é toda a longa metragem do farfalha Cameron, Jake Sully fica acidentalmente para trás e encontra a filha do chefe... que, ao invés de o liquidar como até então era tradição fazer-se a TODOS, o protege. Decide o chefe que Jake aprenderá os modos dos Na'vi e blá, blá, blá, um monte de cenas de encher chouriço.

Claro que o Jake se apaixona pela civilização que entretanto integrou, pela filha do chefe e pretende proteger amigos e eleita a todo o custo. Há diálogos tão ridículos que se lacrimeja de vergonha solidária.

Até a temática ecológica assume uma vulgaridade impressionante!

Em suma: Avatar só veio revolucionar as buscas no google. Ao invés de pequenas imagens de bonecada e cenas parvas, povoa-se a página de uns Jar Jar Binks do FCP disfarçados de elfos.