terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Das Bitaitadas (nos Filmes) II



Embora assuma a incondicionalidade da devoção pessoal que dedico à bela saga «Harry Potter», ontem à noite, enquanto visionava o «Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1», não pude deixar de pensar com perplexidade no sentimento que cruzaria as almas não leitoras, uma vez submetidas a tal fenómeno audiovisual.

É que mesmo naturalmente impedida de ser racional sobre o assunto, devo admitir que «pena» será a menos intensa das empatias que nutro relativamente a tais desafortunadas criaturas. E há pais que, além da implícita cruz da parentalidade, ainda aturam destas coisas deslocadas e sem nexo, pagando farto dinheiro pelos bilhetes, estoirando o seu tempo precioso numa sala escura em que a garotada acha que pode falar como se estivesse no recreio e manduca aperitivos careiros em modos selvático-energúmenos...

Os dinheiros de bilheteira que isto gerou e continua a gerar são ainda mais difíceis de compreender. Ainda que se queiram contentar os garotos - embora não ache a coisa adequada para menores de 12 - e os fãs sejam público fixo, só disto não se fazem as estatísticas dos ganhos.

...

Ok, confesso!
Dói-me a consciência por ser uma entusiasta de algo francamente fatela, e que à pála do lucro garantido esbanja recursos que deveriam estar nas mãos de gente com ideias válidas e projectos originais dignos de investimento.

Mas por nada deste mundo perderia o «Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2».

A minha consciência é como a classe política: tem uma vaga noção dos valores mas nunca se livrará das suas vicissitudes. E nem é por malogro ou inelutabilidade. É mesmo por ser esse o seu desejo.