quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Das Carneirices VII



«Like two of our runners-up this year, Julian Assange and the Tea Party, Mark Zuckerberg doesn't have a whole lot of veneration for traditional authority. In a sense, Zuckerberg and Assange are two sides of the same coin. Both express a desire for openness and transparency. While Assange attacks big institutions and governments through involuntary transparency with the goal of disempowering them, Zuckerberg enables individuals to voluntarily share information with the idea of empowering them. Assange sees the world as filled with real and imagined enemies; Zuckerberg sees the world as filled with potential friends. Both have a certain disdain for privacy: in Assange's case because he feels it allows malevolence to flourish; in Zuckerberg's case because he sees it as a cultural anachronism, an impediment to a more efficient and open connection between people.»

Artigo integral aqui.

Que a revista das salas de espera do mundo anglo saxónico haja escolhido para personalidade do ano o Zuckerberg, é lá com eles. A opção é tão pimba e glorificadora da era bimba das internétes que até merece pena.

Mas propagandarem o Zuckerberg como voluntarista esforçado na construção de amizades é de uma bestialidade inefável. O hi5 2.0 - vulgo Facebook - não serve para fazer amigos. Serve para chamar amigos a pessoas da internéte que não se podem catalogar sob qualquer outra categoria, e, acima de tudo, para big brotheriar. E não é para big brotheriar os estranhos. É antes para os «conhecidos». Os actuais, e aqueles que as voltas da vida, por bafejo da sorte, reconduziram para longe. Servindo agora os mecanismos popularuchos para rebombardear os utilizadores com certas existências sem as quais passariam muito bem. Quiçá melhor ainda.

Num dos casos em que produziu crónicas deveras bem escritas, o Miguel Esteves Cardoso referiu que a amizade tinha aquela propriedade de ser impossível localizar no tempo o momento do seu início. Agora parece que deixou de ser assim. Passa a produzir efeitos a partir da aceitação contratual do «friend request».