Satisfeito com os resultados eleitorais garantidos por pensionistas saudosos dos tempos do shô Salazar e demais ganhos colaterais do populismo, e, seguindo a máxima futebolística segundo a qual "em agremiação vencedora, não se afinfa unhaca modificadora", o magnífico líder da direita com valores, volta e meia metido até aos ossos em maroscadas envolvendo mais dinheiro do que um bancário terá visto ao fim de 35 anos de caixa, Paulo Portas volta às pérolas populistas.
Desta vez o ataque visa o BE. O Louçã picou-o com a cena das fotocópias e do contrato extraviado que poderia inserir-se no hiperbólico lote reproduzido, e agora tem-no à perna.
Num daqueles jantares de campanha (agora para as autárquicas) diz o Portas: «Sabem uma grande vantagem do CDS-PP ter ficado à frente do BE é que quando eles vêm um assalto violento ficam com pena do criminoso e não com pena da vítima, nós pensamos primeiro na vítima e estamos ao lado das forças de segurança».
Ter pena de alguém, sempre me disseram desde tenra idade, vindo eu a reiterar o mesmo logo que a razão me assistiu à assimilação de tal expressão, é, muito provavelmente, a pior das comoções humanas.
Por isso, prefiro uma esquerda que tem pena dos criminosos e faz pela sua ressocialização, garantindo às vítimas os meios idóneos à obtenção da justiça devida, do que a típica direita tombada pela pena dos coitadinhos, imersa com a caridadezinha e obcecada com a punição dos acusados, tanto que até lhes dispensa o acesso a aborrecidos e dilatórios meios de defesa.