quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Das Densificações

Bastante intrigado com o fenómeno do Movimento Por Enquanto Ainda Não Armado Contra o Anúncio do Pingo Doce [MPEANACAPD], o mui estimado habitué cá do tasco, hg, questionou-me sobre os fundamentos da selvagem perseguição, sobretudo pelos sinuosos caminhos da blogoesfera.

Como fiquei bastante satisfeita com a densificação de motivos que almejei na resposta, partilho-a com os demais (é que está nos comentários e só indivíduos sem vida ou gente demasiado curiosa vai cuscar comentários que não sejam seus ou respostas aos seus):

«(...) além daquelas expressões "vaca indiana" (para citar o Tyler Durden sobre os panfletos nos aviões), há toda uma composição musical que acompanha o vídeo.
Ora, como se não bastasse o vídeo de temática terra prometida, (somente comparável às ilustrações dessas publicações que sexagenárias aos pares apreciam ofertar aos transeuntes, de seu nome "Sentinela" e/ou "Despertai!" - as publicações, não as senhoras sexagenárias -, divergindo somente na menor variedade de etnias presentes nas respectivas amostras humanas), ainda é necessário suportar o sobredito "tema" musical.

E aquela letra junto com a interpretação constituem, muito provavelmente, a 8.ª praga. Aquela que ninguém refere por ser demasiado ruim. A voz da intérprete faz da Piada Mortal dos Monty um ligeiro movimento reflexo perto de violentos espasmos epilépticos. A rima pobre, os esforços vocais tão harmoniosos como o cacarejar de uma galinha que acabou de pôr um ovo prematuro, a música saída da linha de montagem "som chunga para spots bimbos", e aquele rebanho feliz que nem um cherne na presidência da comissão europeia, a desenhar com o gesto do "Anda cá"...

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O senhor Régio bem dizia que não ia por ali... Mas quando escreveu os versos não deveria estar a considerar o poder do audiovisual sobre as massas do III milénio.

Pessoalmente, já confessei os sintomas de tal exposição: deixei de conseguir dar nós orelhas-de-coelhinho nos cordéis dos sapatos. E, com ainda maior probabilidade, tive um momento de verdadeira catatonia durante o jantar, quando fui exposta a esse fenómeno horrendo pela primeira vez.

Claro que posso enumerar uns quantos anúncios bem piores, ou igualmente piores, vá. Só que em regra duram menos tempo e são menos WTF de forma continuada, no mau sentido.»