A adaptação ao cinema do "Ensaio Sobre a Cegueira" de José Saramago às mãos do Fernando Meirelles continua a causar indignação e protestos por parte da Federação Nacional dos Invisuais norte-americanos.
Ao que parece já não há temática que aborde uma certa minoria sem que haja protestos e polémica dignos de enchidelas de garrafais nos jornais, reportagens, debates... e cenas. E se numas vezes a razão lhes deve ser dada, nas outras será mais belicosidade desconhecedora daquilo que a arte efectivamente trata, do que propriamente defesa de interesses minoritários dignos dela. Em primeiro lugar porque esses ataques de que se julgam vítimas não existem na realidade, em segundo porque o modo apaixonado como se entregam ao protesto sem adensar os porquês lhes fica mal.
Qualquer ser racional que leia o livro e veja o trailer percebe que a cegueira é, naquela obra, um meio para perspectivar a natureza humana numa dada situação extrema. Não se trata de um retrato da cegueira como índice de má índole e crueldade. Bolas! Acho que já todos percebemos isto! Mesmo quem protesta. Mas pelo sim, pelo não... só mesmo para vincar um ponto de vista... os protestos.
Chegámos ao ponto em que a salutar prática do politicamente correcto e do respeito pelas minorias são censura. Naturalmente que a indignação e o protesto se justificam em múltiplas situações, mas noutras são fruto do "porque podemos" muito mais do que do "temos conosco a razão".