O DN dá conta de uma ocorrência tão sui generis quanto deliciosa: um candidato do CDS à Câmara Municipal de Moura, o senhor Pedro dos Reis, foi constituído arguido depois de ter sido detido por, alegadamente, furtar vários fardos de palha.
Como se isto não bastasse, o proprietário da herdade depauperada pelo furto calha a ser de uma lista concorrente. São as maravilhas da província.
Mas a pièce de résistance será mesmo a argumentação da defesa tecida por Sílvia Ramos, presidente da distrital de Beja do CDS-PP: «A minha decisão é simples. Somos democratas-cristãos e está explícito na Bíblia que quem nunca pecou que atire a primeira pedra. Não é por meia dúzia de fardos velhos que vamos tirar a pessoa da lista, neste momento. Cabe à Justiça e a Deus julgarem o acto»
E eu, arriscaria mesmo sublinhar uma causa de exclusão da ilicitude divina que, julgo, me foi ensinada na catequese: roubar para comer não é pecado.
[Atente-se ao facto de que a blogger se privou às óbvias e fáceis piadolas que o parágrafo final do artigo linkado poderia alimentar.]
