quinta-feira, 26 de maio de 2011

Dos Auto-Agrilhoamentos

As coberturas jornalísticas estão demasiado ocupadas a tratar o PSD como se não fosse um partido 100% gaffeiro (também podeis ler com pronúncia Morais Sarmento, que a coisa continuará a fazer sentido) e sem ponta programática por onde se lhe pegue, a retratar o CDS como se fosse um partido com efectiva vocação de poder que não na condição de muleta, menosprezando o absoluto populismo e manupilação pelos quais se move o líder a caminho do ministério que lhe calhar na rifa. O PS, embora ocupe tempo televisivo, dá mais do mesmo e não apela tanto aos sentidos.

Já o tratamento da esquerda digna do nome, é cereja sobre o bolo na prova de que a isenção é capaz de não ser bem o valor mais importante no jornalismo televisivo português. Desde comentários sobre «a pouca gente» - que é sempre mais do que aquela que anda em redor do Portas - até montagens em que a questão colocada não é aquela cuja resposta se transmite, são compostas para confusão e descrença dos espectadores. Enfim, há coberturas jornalísticas duvidosas para todos os gostos, sendo a (ca)SIC exemplo flagrante por estes dias.

Mas isto são desabafos cá do tasco, que se encontra orgulhosamente à esquerda, no que à ideologia política respeita. E, justamente por isso, preocupado com o chavascal que a direita quer fazer nos direitos laborais, no SNS e agora até nas liberdades individuais. Ainda se o chavascal fosse feito soberanamente, sem se limitar a servir uma política de austeridade duvidosa e, tudo indica, condenada ao descalabro... quase se poderia perdoar que certas pessoas ainda a defendessem.

Mas não. O chavascal serve senhores que, se não dominaram a Europa pelo lado da força quando o tentaram - sabe-se muito bem que este apontamento é velhaco mas tem o seu grau de assertividade -, pela via da bela UE tratam de amestrar os demais Estados à sua vontade.

Este mergulho num precipício cujo semi-fundo é visível no exemplo grego, e que só a esquerda stricto sensu parece querer de facto evitar, merece discussão e protagonismo. O povo não precisa de saber dos últimos tiros nos pés de um líder e/ou seu acólito, das demagogias e falsidades do outro, do vazio que ainda ficou no espaço de um evento partidário! Não é isso que leva uma população alienada pela tv chunga às urnas de voto.

A ideia de reestruturar não é uma efabulação voluntariosa da esquerda, é uma solução partilhada por indivíduos que são capazes de perceber mais da coisa do que o PPC ou o Portas, juntos - cof! cof! Krugman cof! cof! Roubini -, mas que nem por isso são devidamente ouvidos.

Os planos de austeridade servem políticas ruinosas para o povo de países como este. Continuarão a destruir parte substancial de garantias laborais e  sociais tão lenta e tardiamente alcançadas. destruições estas que se têm sucessivamente revelado infrutíferas na recuperação da «confiança» e ainda mais no que respeita à recuperação económica dos visados.

Será mesmo vontade intrínseca do povo imolar pelo fogo os beneficiários do RSI, apedrejar os dependentes do Subsídio de Desemprego, privatizar o público que dá lucro e transformar os trabalhadores em coisas?

A metáfora é forte, mas A AUSCHTERIDADE LIBERTA?



Cortesias ao Silva, a quem se deve o excelente trabalho gráfico ^^